O País – A verdade como notícia

A selecção nacional de futebol, os Mambas, já está em campo, para o embate da segunda jornada do Grupo I de qualificação ao CAN de Marrocos em Dezembro de 2025, no Estádio Nacional do Zimpeto.

Para o jogo diante da Guiné-Bissau, Chiquinho Conde resgatou Dominguez e Witi para o onze inicial, dois jogadores que estiveram ausentes no jogo da passada sexta-feira, frente a Mali, em Bamako. Recorde-se que Witi não viajou para a capital maliana devido a problemas administrativos, enquanto Dominguez foi por lesão.

Assim, os Mambas entram com Ernan na baliza, um quarteto defensivo composto por Bruno Langa a esquerda, Renildo e Mexer Sitoe no centro, Mexer Macandza na direita, enquanto Nené vai ser o primeiro pivot da zona central, auxiliado por Ricardo Guina.

Witi, Dominguez e Geny Catamo são os homens com as sextas viradas para a baliza guineense, sendo Ratifo o mais adiantado.

Ou seja, da equipa que defrontou o Mali, Chiquinho Conde tirou Gildo e Pepo Santos e fez entrar Witi e Dominguez.

As expectativas dos adeptos, que estão em número considerável, apesar das baixas temperaturas e da chuva miúda que cai na cidade de Maputo, são de um resultado positivo, a apontarem para uma vitória dos Mambas neste jogo diante dos Djurtus.

Em caso de vitória, os Mambas assumem a liderança do grupo, enquanto aguardam pelo resultado do outro jogo do grupo, entre Eswatini e Mali, que se disputam na África do Sul.

O Centro Cultural Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo, vai acolher, o evento de estreia de “Résonances”, uma leitura encenada plurilingue dirigida por Lucrécia Paco. 

O espectáculo apresenta a compilação de textos intitulada “10 SUR 10”, com tradução do francês para o português pelos alunos do Curso de Tradução da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

O Franco-Moçambicano avança que o projecto é fruto de uma proposta de Jean Nowak, professor, tradutor e encenador, fundador do Drameducation – Centro Internacional de Teatro Francófonona Polónia, e uma figura central na criação de histórias francófonas voltadas para o processo de ensino e aprendizagem da língua francesa.

Em palco, os actores Adelino Branquinho, Sufaida Moiane, Paulo Jamine, Nélia Gilberto e Joana Mbalango interpretam personagens que exploram temas como conflitos geracionais, amizade, amor, sonhos e inclusão, numa narrativa envolvente e diversificada.

Depois da estreia no Franco-Moçambicano, o espectáculo será levado a outros locais em Maputo, com apresentações previstas para  Escola Secundária Zedequias Manganhela (18 Setembro, às 09h), Escola Secundária Noroeste 2 ( 20 Setembro, às 11h), Ntsindya – Centro Cultural Municipal do Xipamanine ( 24 Setembro, às 14h), Museu Mafalala (28 Setembro, 15h) e Escola Secundária Gwaza Mutini (02 Outubro, 10h).

O exspectáculo conta com o apoio do Institut Français de Paris. 

Na quinta-feira, às 17h30, terá lugar, no Camões – Centro Cultural Português em Maputo, o lançamento do livro Teatro de Marionetes (ou Ensaio sobre a Mecânica Descritiva da Desertificação dos Homens), de Jofredino Faife, com a chancela da Imprensa Nacional (Portugal), como resultado da distinção na sexta edição do Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa (2022).

No Camões, Teatro de Marionetes será apresentado por Duarte Azinheira, vogal executivo do Conselho de Administração da Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

“Com um vasto leque de personagens inesquecíveis, Teatro de Marionetas é uma rara proposta literária, uma narrativa distópica com tendência para a ficção científica, na qual se esbatem os limites entre ordem e desnorte, loucura e sanidade e, até, realidade e fantasia”, lê-se na nota de imprensa Camões – Centro Cultural Português em Maputo.

Jofredino Faife vive e trabalha em Maputo. É pedagogo de formação. Trabalhou como pesquisador, docente e chefe do departamento de Ciências da Educação e Psicologia na Universidade Pedagógica. É especialista em educação, trabalhando no sector não-governamental. É vencedor do Prémio Fundação Rui de Noronha — 2009 (Memórias de um carteiro, inédito) e Prémio TDM de Literatura — 2012 (Filha de um deus menor, AEMO). Em 2022 venceu o Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa, com o seu trabalho Teatro de Marionetes (ou Ensaio sobre a Mecânica Descritiva da Desertificação dos Homens).

Por: Cristiano Matsinhe

A literatura policial, a excepcionalmente bem lavrada, carateriza-se por ser altamente cativante e visceralmente inebriante. O leitor que se embrenhe na leitura de romances policiais, dificilmente sai incólume e raramente consegue evitar travestir-se nas roupas de alguns dos personagens, reivindicando, para ele mesmo, o compromisso de desvendar o mistério que o autor teria maquinado.

Talvez daí a velocidade e voracidade com que se devora tais obras. Certamente que os aficionados irão rever-se nesta asserção. Nesse primordial aspecto da nossa relação com o romance policial, Aurélio Furdela não defraudou. Devorei a obra em sem tempo e depoimentos há, de outros leitores que também percorreram as páginas desta obra num ápice.

Inicialmente subalternizado nos cânones literários dogmáticos, o Romance Policial, de género literário detectivesco afirmou-se, não sem contestações, como uma estrutura literária per si, pela consistência dos códigos e parâmetros usados pelos seus mais emblemáticos autores, alguns dos quais peritos em transfigurar-se em narradores ou disfarçados personagens das obras que apresentam.

Polémico, desde a sua gênese, o estilo literário policialesco, lato senso, remota dos primórdios das narrativas bíblicas, para os atavistas, é claro, com a trágica cena do assassinato de Abel! Mas quem matou Abel? Veredicto: Caim! Espantoso como um singular evento bíblico encerra os principais ingredientes que norteiam o que se pretenda uma boa trama de um romance policial, pois, em tão lendário crime temos: O enigma, o perpetrador, a vítima, as pistas evidencias e circunstâncias que o tal crime teria ocorrido, além dos que se encarregaram de narrar a tão messiânica tragédia, atribuindo-se-lhes o papel de detetive ou narrador.

Penso que já vos atormentei demais com os relatos da fatídica relação de Abel e Caim, o que deve também bastar para dissuadir os que querem apenas ater-se à génese e historiografia do culto ao “cult” policial. Pois, não sendo esse o propósito deste encontro, o que aludo sobre Abel e Caim é mais do que suficiente para estimular a imaginação, aguçar o senso inquisitivo e a postura que todos os leitores deveriam assumir ao pensar ou deparar-se com um imbróglio detectivesco ou policialesco.

Ainda assim, aludir aos primórdios bíblicos para encorpar a penumbra do mito fundador do género policialesco não me exime de fazer justiça ao enigmático Edgar Alan Poe, cuja obra credita-se, à rigor, o mérito de precursor da linha literária que hoje nos une neste evento e, cuja vida, rica em dramas e enredos, parece personificar o significado da literatura em causa.

Nessa lavra, o Prefácio de Zero sobre Zero, elegantemente escrito pelo meu irmão Gabriel Muthisse, faz-nos um favor, ao apresentar um cândido retrato do seu pessoal encontro com este género literário além revisitar e honrar o mais estabelecido roteiro das vénias e reverencias a que o estilo policialesco presta aos seus mitos fundadores e aos seus mais icónicos interpretes. Muito obrigado, Grabriel Muthisse!

Feitas as salvaguardas introdutórias sobre o género detectivesco e policialesco, atenho-me, doravante, a esmiuçar Zero sobre Zero, em Sete Actos:

Acto 1. Do Enigma

Zero sobre Zero não é um romance policial de história ou evento único. Mas uma cativante obra articulada em torno de múltiplas tramas e histórias paralelas que cumprem a função de apimentar e complexificar o exercício mental do detetive e dos leitores no interesse de desvendar a trama principal.

Nesta obra, os enigmas e as tramas são contundentemente apresentados, logo nas páginas iniciais, de forma abrupta e penetrante, com recurso a um inusitado ponto de entrada, como uma janela do alto de um prédio, através da qual vislumbra um aglomerado de pessoas, em torno de um corpo estendido no chão, seguido pelas diligencias investigativas da entidade de dever que quase entra em linha de colisão com os heróis da obra.

Com a mesma perspicácia com que o Narrador introduz-nos ao crime, incendeia a imaginação do leitor, ao apresentar o misterioso caso do Trigésimo Primeiro passageiro, a incógnita que empresta título a obra, ao mesmo tempo em que arrebata-nos, como leitores, a sermos cúmplices na responsabilidade de guardar segredo, até que se reúna inteligência suficiente para reportar, às estruturas superiores e mediáticas, com factos e evidências.

E é justamente essa busca de factos e evidências parte do mote da obra, como bem exigem os cânones deste gênero literário, cujo foco é e deve ser o esfolhear do processo de elucidação dos mistérios, uma empreitada a cargo do Detetive Lioste e sua entourage, ou Morrito (AKA Kufeni) e sua claque. Um momento! Quando presume-se que já se sabe dos principais enigmas da obra, eis que Furdela despeja-nos uma Furgoneta (faz tempo que não ouvia essa palavra) repleta de gente esquálida, esquelética além de meia dúzia de cadáveres nauseabundos, a tipificar a realidade do tráfico humano, um condimento adicional no rol de enigmas que Furdela se dispôs a desvendar.

Acto 2. Dos perpetradores

Nesta trama carregada de uma plausível caracterização da tensão que se instaura quando se alude às relações transfronteiriças, dilemas intrínsecos ao tráfico humano e bandidagem encoberta nos negócios materiais e imateriais, incluindo da fé, que pululam no amalgama do fenómeno da imigração e mobilidade regional e continental, o autor enquadrou com notável astúcia, os perfis dos heróis e anti-heróis, mocinhos e bandidos que não devem faltar num bom romance policial meio místico e meio noir!

A coroar um buffet recheado de múltiplas linhas investigação e suspeitos bem propostos, Furdela não perde de vista as “regras do método” do romance policial que abraçou, respondendo, com artesanal mestria, a crítica questão Whodunnit (Who Done It), “Quem Fez Isso”, revelando, nas páginas derradeiras, a(s) identidade(s) do(s) criminoso(s) que dão razão de ser ao trabalho do detetive e do próprio autor, enquanto narrador.

Estrategicamente, eu até diria com alguma dose de malícia, quase sadismo, o autor caracteriza magistralmente bem o misterioso agente Zero-sobre-Zero, também conhecido como o “branco das cavernas”, mas sonega-nos a possibilidade de conhecer da sua sorte, o que nos faz pensar que este “perpetrador” ainda vai dar muito trabalho e assim, é o próprio Furdela que fica a dever-nos a continuidade da saga. Pois no romance policial, nada deve ficar por esclarecer e, como se diz a boca pequena em nossa praça “queremos jostícia” e, certamente que Furdela não vai tirar o docinho da boca das crianças.

Acto 3. Da(s) vítima(s)

Sobre as vítimas, o livro é permeado por uma diversidade de perfis de vítimas, entre indivíduos, instituições e toda uma sociedade transnacional, onde na aparente unicidade dos eventos e/ou circunstâncias de vitimização, há espaços para reencontros e interligação de factos e circunstâncias que colocam cada vítima particular, no dia e local da ocorrência dos crimes. Somente um exímio narrador, que o Furdela é poderia mentalmente organizar a salada de vítimas e emprestar sentido através de letras e palavras, como aqui o faz.

Acto 4. Das pistas

Esta assente que a essência da narrativa policial é a busca pela identidade desconhecida, pelas esparsas fagulhas de pistas e a articcualção lógica de fragamentos de evidencias que vem a compor a totalidade das pistas. Nesta obra obra, Furdela planta pistas e armadilhas e convida o leitor a percorrer o fio da meada até desembocar no cerne da revelação. Um isquiero caido, imobiliárias a funcionarem como os “célebres veiculos operativos”, uma nota de cem dolares, uma fotografia reversa no espelho retrovisor e muito mais… compoem a riqueza de elementos explorados pelo autor para dar ancoras explicativas e gerir o fólego dos leitores enquanto se embrenham no afã de desenvar os mistérios que fazem a obra.

Acto 5. Do Detetive

O detetive que Furdela criou veste bem as roupas de um herói folhetinesco, relativamente avesso às regras e propenso à soluções inusitadas, como reza a cartilha do bom romance policial, onde a criatividade e irreverencia são o motor da aventura da descoberta.

A confirmar a sua inclinação para o Noir, os personagens que Furdela criou estão imbuídos das mazelas e vícios que caracterizam os comuns dos mortais: dados a uma boa pinga, fumantes inveterados, não fogem ao fogo da cama e são bons em pancadarias e distribuição de coronhadas, além de acelerações e drfits de carros pelas avenidas da Cidade de Maputo.

Convenientemente, as sacadas investigativas e os fios soltos que denunciam os seus rastos são também explorados a partir desse caracter humanizado que são accionados como recursos capitalizáveis para a articulação lógica e concatenada apresentação de evidencias.

Neste instigante romance, Furdela peca apenas por não nos dar, como leitores e comparsas do detetive, a chance de também arrolarmos as hipóteses que nos levariam a desvendar a trama antecipadamente! No seu autoral egoísmo de romancista do policial de primeira viagem, Furdela esconde e enrola-nos nos detalhes sórdidos que poderiam pontificar o fim da trama. Ainda bem! Na nossa mania de leitores espertalhões e sabichões, neste romance ficamos à nora, excitados e compenetrados na ânsia de desvendar o(s) mistério(s), o que o autor magistralmente sonega-nos até ao nada óbvio cair do pano nas últimas páginas.

Contaminado pela sádica performance narrativa do autor, não serei eu, um casual apresentador da obra, quem via entregar os pontos.

Acto 6. Do Autor / Narrador

Eu até poderia realçar a mestria com que o Autor se posiciona como narrador e o equilíbrio que estabelece entre a enunciação dialógica e descritiva. Mas prefiro pontificar a capacidade de descrever ambientes, que nos faz viajar nos espaços, ou criatividade com que descreve os personagens com especial atenção à explicação da razão de ser, origem do nome ou da alcunha: de Kufeni para Morrito, ou simplesmente fazer-nos entender como alguém chega a ser apelidado OneShot. Quase morri de rir.

Acto 7. Do desfecho

Na arte de narrar no estilo policial, o autor deve ter o compromisso de semear evidencias e minar toda a obra com potenciais vestígios e/ou indícios que possam nortear o percurso do leitor em busca da resolução. Entre a forma dogmática (o que deve nortear) e a ficção narrativa (o que é) oscila para salvaguardar, talvez, o interesse do autor em ampliar as avenidas dos enigmas e enriquecer as tramas, o que torna a obra de uma criação de não tão obvio e/ou expectável desfecho sem, no entanto, retirar-lhe a obrigatoriedade de verosimilhança, nas escolhas conclusivas.

E com esta afirmação posso disputar com o autor a asserção académica que ensina que no romance policial o leitor deve sempre esperar surpresa, mas não uma eventual indignação ou inconformismo pela introdução de novas evidencias nunca antes ensaiadas ao longo da leitura, como se o leitor dissesse: Surpreenda-me, mas não seja incongruente no momento da revelação dos factos e das identidades dos criminosos.

Ao cair da cortina, a resolução, o fim do suspense, até porque nos romances policiais não há crime perfeito! A reposição da ordem social e a confirmação de que o crime é uma forma de expressão avesso à ordem social é vincado na obra com uma valente troca de tiros e tocaias numa mansão ainda que, bem à moda moçambicana, ordens superiores rechacem a possibilidade de um desfecho morno, levantando suspeitas para a verdadeira dimensão de complexidade da rede criminosa.

Mas também seria desengenhoso se o autor oferecesse um desfecho linear que pudesse minar a possibilidade de deliciar-nos de novas aventuras investigativas com que o autor possa querer brindar-nos na sequência da saga. O artista não morre!

À partir do momento em que se começar a folhear o livro, todo o leitor que abraçar esta obra deve estar preparado para virar detetive e, dadas as condições de risco nessa missão, resta-me desejar “boa sorte” a todos e cada um dos que se predispuserem a desvendar a equação Zero sobre Zero, enunciada por Aurélio Furdela, nesse mirar dos passos e descompassos sobre o Espião que veio de Kigali.

Acto Final:

Com Zero sobre Zero, o Espião que veio de Kigali, Aurélio Furdela presenteia-nos com um romance policial bem humorado e fluído, ao mesmo tempo em que a riqueza de conteúdo presta-se a um retrato quase realista das historias contemporaneas e dramas politico securitários que caracterizam a sociedade moçambicana hoje.
Para consumo pessoal, tomei a liberdade de apelidar este livro “A saga do trigésimo primeiro passageiro”. Os que lerem o livro saberão que enquanto não se desvendar o mistério do ruandês em causa, permanecemos suscetíveis a novas incursões criminosas… que só Furdela pode desvendar, certamente no seu próximo romance policialesco, querendo consolidar a escola literária que nas nossas bandas se forja!

Muitos parabéns Aurélio Furdela e votos de uma prazerosa leitura a todos.

Chidenguele, 25 de Junho de 2024

Uma vez mais, Deltino Guerreiro volta a apresentar-se à Sala Grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo. Nesta sexta-feira, às 20h, o músico pretende levar ao público histórias melódicas dos seus dois álbuns, designadamente, Eparaka e Rokotxi. 

Para o Centro Cultural Franco-Moçambicano, o concerto de Deltino Guerreiro oferece uma oportunidade única de reviver as emoções e significados profundos dessas obras, enquanto o músico também dá uma perspectiva sobre o que está por vir no seu percurso musical.

Assim, durante hora e meia, o público será cativado por músicas conhecidas e canções esquecidas, numa performance que honra o significado de Eparokotxi, isto é, “Benção e Cura”.

Além de bênção e cura, o concerto incluirá a interpretação de A Espera, do single Vou Te Esperar, que já anuncia o avanço para o seu terceiro álbum, a ser lançado em breve.

“Eparokotxi representa uma bênção para aqueles que foram esquecidos e uma cura para os que foram feridos. A Espera é dedicada a todos que mantêm a fé de que tudo vai ficar bem”, lê-se na nota de imprensa do Centro Cultural Franco-Moçambicano.

Deltino Guerreiro nasceu em 1990, em Montepuez, Cabo Delgado. É músico e economista. A sua música é uma fusão de influências absorvidas ao longo das suas viagens por Moçambique, de Norte a Sul. Combinando soul e R&B com as tradições musicais do norte do país, canta em português, inglês e emakhuwa, com melodias que reflectem a influência da música árabe do Norte de Moçambique.

Ao longo da carreira, conquistou vários prémios, incluindo “Revelação” e “Melhor Voz”. Participou em festivais nacionais e internacionais, como o AZGO Festival (Moçambique), Féte de la Musique (Joanesburgo), IOMMA e SAKIFO (Ilha da Reunião). O seu talento foi reconhecido globalmente, com uma participação no programa African Voices da CNN, transmitido mundialmente.

Em 2016, colaborou com a cantora britânica Joss Stone e venceu o Prémio “Mozal Artes e Cultura” na categoria de música. Nesse mesmo ano, tocou pela primeira vez com a Orquestra Xiquitsi, dirigida por Kika Materula.

Deltino Guerreiro lançou dois álbuns: Eparaka (Benção, 2016) e Rokotxi (A Cura, 2022).

Actualmente, está a finalizar o seu terceiro álbum, com lançamento previsto para o início de 2025.

A autoridade responsável pela resposta ao surto de Mpox na República Democrática do Congo (RDC)  anunciou, quarta-feira, que o país vai receber sua primeira remessa de doses de vacina contra Mpox, nesta quinta-feira, seguida de uma outra remessa no sábado.

Segundo dados do Ministério de Saúde Congolês, o país já registou mais de 19 mil casos  e quase 650 mortes, devido ao surto de Mpox, desde o início do ano. Dos casos registados, mais de 62% afectam crianças. 

Jean Kaseya, director geral da África CDC, comemorou a chegada das vacinas, e avançou que são 99 100 doses que o país vai receber. 

Os sintomas do Mpox geralmente são febre, dores de cabeça e dores no corpo.

Em casos mais graves, os indivíduos podem apresentar feridas dolorosas e bolhas no rosto, no peito, nas mãos e nos órgãos genitais.

O vírus é transmitido principalmente pelo contacto próximo pele com pele.

A OMS estimou que cerca de 230.000 vacinas poderiam ser enviadas “em breve” para o Congo e outras áreas afectadas.

Além disso, a organização está desenvolvendo campanhas educacionais para informar as pessoas sobre como prevenir a disseminação da mpox em regiões com surtos.

O autor de Compêndio para desenterrar nuvens foi distinguido, esta segunda-feira, no México, destacando-se numa lista constituida por 49 concorrentes.
Nunca um autor africano venceu o Prémio Internacional do Livro de Guadalahara. Ao fim de três décadas, eis que, pela primeira vez, um autor do “Berço da Humanidade” é reconhecido. Esta segunda-feira, com efeito, o grande premiado na 34ª edição da iniciativa mexicana é Mia Couto, que foi distinguido pelo conjunto da sua obra.
Na 34ª edição do Prémio Internacional do Livro de Guadalahara, houve 49 candidatos provenientes de 20 países de língua espanhola, francesa, italiana ou portuguesa. Nesse universo constituído por escritores provenientes de vários continentes, o júri decidiu, por unanimidade, declarar vencedor Mia Couto, pois, segundo considera: “A obra do escritor moçambicano se reconhece uma obra literária notável que chama a atenção e a sensibilidade do leitor para o continente africano e as suas relações históricas com toda a humanidade”.
Ainda para o júri, a obra literária de Mia Couto distinguiu-se entre os autores nomeados devido à sua inovação linguística, que, inclusivamente, faz repensar a relação integrante da comunidade dos países de língua portuguesa.
Reagindo ao prémio, nesta noite de segunda-feira, Mia Couto confessou: “Este prémio, evidentemente, é uma grande surpresa para mim. Este prémio é de grande prestígio internacional, com júri de académicos de vários países do mundo. Os concorrentes também são de vários continentes. Acho que não posso não ficar muito feliz, por saber que esta é uma partilha que eu faço do país a que eu pertenço”.
Na percepção do escritor, o Prémio Internacional do Livro de Guadalahara não se dirige a si, em particular, mas a todo o país. “Este não é um prémio dirigido a um escritor, em particular, mas é dirigido a uma cultura, a um país e a uma literatura que se chama Moçambique”, sublinhou.
Com a distinção, Mia Couto vai receber 150 mil dólares, cerca de 9 milhões de Meticais.
O Prémio Internacional do Livro de Guadalahara será entregue ao escritor em Novembro, no México. Nesta edição, o júri foi constituído por Carlos Reis, Graciela Montaldo, Jerónimo Pizarro, Juan Luis Cebrián, Lucía Melgar, Oana Fotache Dubalaru e Vittoria Borsò.

Às 18h00 desta terça-feira, o Camões – Centro Cultural Português acolhe uma sessão de leitura e conversa sobre o livro “Névoa na Sala”, de Mélio Tinga, e chancela da Catalogus. Trata-se de um momento de conversa entre o autor e o público, contando com a participação especial de Jorge Ferrão, que tecerá os seus comentários sobre a obra e também de Sufaida Moyane, que fará leituras do livro. A moderação será feita por Elton Pila e a entrada é livre.

O livro de Mélio Tinga foi apresentado no primeiro semestre deste ano. E tem como sinopse: “Um homem acaba acidentalmente nas trincheiras de uma guerra, no norte do país. Um morto fá-lo regressar. O pai espera-o à porta. Os fantasmas da guerra perseguem-no, no seu íntimo. Passa, por isso, parte da sua vida num hospital especializado em traumas e depressão, onde se apaixona por uma mulher que procura curar a dor de tentar conceber, poeta talentosa que esconde um mistério debaixo da cama. Ele terá de descobrir, mas também de aprender a lidar com a cisão de um profundo amor. Névoa na Sala é um romance experimental que rema contra a maré e gravita entre os traumas da guerra, a força do amor e da depressão; interroga o que pode um morto quando regressa, revisita memórias e procura descobrir o que de poderoso pode habitar o coração do Homem”, lê-se na nota do Camões.

Mélio Tinga é escritor de ficção e designer de comunicação. É autor de oito livros, entre os quais “Marizza”, sua estreia no romance, obra vencedora do Prémio Literário Imprensa-Nacional Casa da Moeda/ Eugénio Lisboa 2020. Para além de Moçambique, seus livros estão também publicados em Portugal e no Brasil.

Tinga foi vencedor da Residência Literária em Lisboa 2023 e distinguido com o Prémio das Indústrias Culturais e Criativas (PREICC) 2023, pelo Ministério da Cultura e Turismo. Venceu o BLOG4DEV 2021 do Banco Mundial e foi finalista do Prémio Literário 10 de Novembro 2019. Recentemente, foi seleccionado para bolsa “AléVini”, um programa para apoiar a mobilidade profissional, liderado pela Comissão do Oceano Índico e financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).

É co-fundador e director executivo da Catalogus e de OitentaNoventa – Projecto de ligação entre gerações literárias e é Vice-Presidente da ACUP – Associação Cultural da Universidade Pedagógica. É licenciado em Educação Visual, pós-graduado em Branding.

 

Nesta quarta-feira, às 17h30, o Camões – Centro Cultural Português em Maputo vai acolher acolher a apresentação pública de “Teoria das Catástrofes Elementares”, de Rita Canas Mendes. O livro tem a chancela da editora Elsinore e conta com a apresentação, em Maputo, por Eliana N’Zualo.

De acordo com a nota de imprensa do Camões, “Teoria das Catástrofes Elementares” ensina a teoria matemática que todo o acontecimento súbito e avassalador, a que chamamos catástrofe, não é mais do que o produto de incontáveis pequenas transformações passadas, e que todas as formas e seres, que julgamos fixos e permanentes no tempo, estão sujeitos a imprevisíveis variações futuras.

Igualmente, avança a fonte, no seu romance de estreia, Rita Canas Mendes, com o olhar móvel da infância e da adolescência, percorre com humor e ironia os episódios, tristes, cómicos, trágicos e quotidianos, que constituem as vivências das várias gerações de uma família.

Decorrido entre Lisboa e Cascais nas décadas de 1990 e 2000, com incursões pontuais pela Guerra Colonial ou de Libertação, o norte de Portugal e a Euro Disney, “Teoria das Catástrofes Elementares” é um romance em estilhaços, um vitral de memórias, traumas e identidades que revisita a história.

Rita Canas Mendes (Lisboa, 1984) é formada em Filosofia (FLUL) e tem uma pós-graduação em Livros e Novos Suportes Digitais (UCP). Trabalha há vários anos no mundo editorial, tendo passado por diversas chancelas de renome. Actualmente, dedica-se à escrita e à tradução, o que lhe tem permitido conhecer a fundo a obra de grandes autores contemporâneos, tanto na área da ficção como na do ensaio.

Além da escrita e tradução, também ministra workshops para adultos («Como Publicar o Seu Livro») e crianças («Afinal o que É uma Nuvem?» e «Como se Faz um Livro?»), que realiza em escolas, bibliotecas e outras instituições.

Em 2021, ganhou uma Bolsa de Criação Literária. Em 2022 recebeu um financiamento da Sociedade Portuguesa de Autores para a conceção do projeto infanto-juvenil «Uma Casa Portuguesa». Em 2024, foram-lhe atribuídas duas residências literárias internacionais, uma pela União Europeia e outra pela CPLP, para desenvolver projectos em Paris e Maputo, respectivamente.

Neste momento, tem oito obras publicadas, todas em áreas distintas — do guia prático ao livro infantil. A mais recente, Teoria das Catástrofes Elementares, publicada pela Elsinore (Grupo Penguin-Random House), foi aclamada pela crítica como «um dos romances portugueses mais sérios e divertidos em muito tempo» (Observador), sendo «irónico e sensível, com um manuseio ágil das palavras» (Público).

Rita Canas Mendes encontra-se em Maputo, nesta data, ao abrigo da Residência Literária promovida pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).

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