O jogo entre o Ferroviários de Maputo e o da Beira, bem como o entre a União Desportiva de Songo e o Ferroviário de Nampula paralisam a disputa da 16ª jornada do Moçambola 2024, marcada para este fim-de-semana. A jornada será amputada pela não realização do jogo entre a Black Bulls e a Associação Desportiva de Vilankulo, em virtude da participação dos “touros” nas afrotaças.
É o regresso do Moçambola 2024, depois de uma interrupção de uma semana para dar lugar aos jogos da selecção nacional de futebol, que disputou dois jogos de qualificação para o CAN 2025, em Marrocos, em que empatou com Mali, em Bamako, a um golo, e venceu a Guiné-Bissau, em Maputo, por 2-1.
Um regresso em grande com dois jogos de destaque, nomeadamente o embate entre o Ferroviário de Maputo e o seu homónimo da Beira, e o entre a União Desportiva de Songo e o Ferroviário de Nampula.
Para a abrir a jornada, esta sexta-feira, os dois Ferroviários medem forças no campo do Afrin, na Avenida das Indústrias, com ambições quase semelhantes, mas também quase diferentes. É que ambas as equipas procuram vencer o jogo para continuar a manter a possibilidade de terminarem nos lugares cimeiros da competição.
Os “locomotivas” de Maputo vêm de seis jogos sem perder, em que somaram quatro vitórias e dois empates, e querem manter esta senda, para além de se vingar da derrota sofrida na primeira volta da prova.
Por seu turno, os “locomotivas” de Chiveve vêm de um empate a um golo diante da Black Bulls e procuram continuar a subir na tabela classificativa. Uma vitória do Ferroviário de Maputo faz a equipa ascender a uma posição acima do seu oponente, ainda que a turma de Chiveve tenha um jogo a menos, a disputar na terça-feira, em Maxixe.
Já a União Desportiva de Songo, candidato ao título e perseguidor do líder da prova, agora com menos três pontos, recebe o Ferroviário de Nampula, equipa que não tem estado bem na competição e que vem de derrota caseira. Nesta deslocação não terá tarefa fácil, já que os “hidroeléctricos” querem vencer e colarem-se à Black Bulls, líder da prova, que não joga nesta jornada.
Aliás, a turma de Songo quer regressar às vitórias depois do empate na última jornada na deslocação a Pemba, que pode acender as esperanças de conquista do título, para além de pressionar o seu concorrente directo.
Textáfrica (ainda) joga Moçambola e recebe “canarinhos”
A jornada 16 do Moçambola vai ter um jogo que, se calhar, não devia acontecer, na Soalpo, entre o Textáfrica do Chimoio e o Costa do Sol. É que os “fabris” teriam sido desqualificados do Moçambola em virtude de terem transgredido as regras de licenciamento de clubes, nomeadamente do atraso salarial dos seus jogadores por um período de três meses.
Sabe-se, porém, remeteu recurso junto das instâncias superiores a contestar o afastamento, facto que levou a Liga Moçambicana de Futebol a marcar o jogo diante do Costa do Sol. Sem o seu treinador, João Chissano, que se demitiu recentemente, os “fabris” terão dificuldades enormes para parar os “canarinhos”, que procuram vencer para não perder de vista a liderança da prova, quando a prova entra para o último terço.
Mais dois jogos a “completar” a jornada
Nos outros jogos da jornada, o Desportivo de Nacala, sexto classificado da prova, com 19 pontos, terá pela frente o Baía de Pemba, num jogo em que a turma de casa é claro favorito, mas que vai ter de provar em campo.
O Baía não tem estado bem nos últimos jogos, estando, por isso, na penúltima posição, com mais três pontos que o lanterna vermelha, e porque não quer ver-se à beira da descida, deverá entrar com tudo e contrariar o favoritismo do seu adversário.
Já o Ferroviário de Lichinga, que nesta segunda volta perdeu quatro dos três jogos e apenas venceu o último, quer manter a senda de vitórias, de modo a não cair na tabela classificativa.
Os Mambas iniciam um novo ciclo africano, uma nova campanha de qualificação para a maior prova continental, e mantêm a mesma ambição e o mesmo objectivo de qualificar-se à fase final, desta vez, a ter lugar em Marrocos. Para começar, o Mali, como primeiro adversário. A equipa técnica e os jogadores estão cientes de que não será uma caminhada fácil, mas estão confiantes numa boa campanha.
Tudo de novo! Uma nova caminhada para uma prova continental de selecções e, mais uma vez, os Mambas à busca da glória africana. Um grupo não menos difícil e complicado que o da campanha anterior espera o combinado nacional, com Mali e Guiné-Bissau a serem os adversários directos, e Eswatini, o outside que ainda pode surpreender.
Para dar o pontapé de saída vem o Mali,a mais cotada selecção entre as quatro do Grupo I, com potencial para terminar em primeiro e relegar as outras três para uma luta pelo segundo lugar no grupo.
O combinado nacional já está em Bamako para o jogo desta sexta-feira, com a mesma ambição de todos os tempos, e uma confiança construída ao longo do tempo.
Um tempo que carrega consigo a resiliência pelas adversidades que foram encontrando no passado, e que continuam, mas os Mambas sempre prontos a ultrapassá-los.
O seleccionador nacional, Chiquinho Conde, diz que é preciso estar firme para ultrapassar qualquer adversidade que aparecer pela frente. “Sabemos muito bem que os jogos em África e as ligações que nós temos pelo meio são sempre muito difíceis. Há um desgaste físico muito grande e as condições que nós encontramos no terreno não são as melhores, mas nós estamos habituados a isso e temos que ser resilientes”, disse o seleccionador nacional, reclamando do facto de ter treinado num relvado sintético, quando o jogo será na relva natural.
Um dos constrangimentos encontrados nesta deslocação a Bamako tem que ver, também, com o facto de alguns jogadores terem ficado sem as suas bagagens e material desportivo.
Aliás, Chiquinho Conde também lamentou a ausência de Witi, Clésio e Alfonso Amade, jogadores que muito têm contribuído para o alcance dos bons resultados nos Mambas.
Ainda assim, não há motivos para desfalecer. Em mais uma campanha de qualificação para o Campeonato Africano das Nações, Chiquinho quer voltar a ser o Conde dos Mambas e chegar ao reino do Marrocos.
“O Mali é um adversário de muita valia. Temos dois jogos num curto espaço de quatro dias, um início difícil. Vamos defrontar o Mali, sério candidato ao título, bem como a Guiné”, começou por dizer Conde para depois apresentar o antídoto para ultrapassar esta adversidade: “pelo percurso que nós temos feito, com a estrutura e com a coesão do grupo, acho que podemos encarar isso com otimismo, mas como disse sempre, respeitando os nossos adversários, com humildade”.
Para além de respeitar os adversários, Conde diz que se “acreditarmos fundamentalmente naquilo que é a nossa ideia, acho que nós estaremos mais perto de conseguir um bom resultado”.
Chiquinho Conde acredita que um bom resultado em Bamako é a vitória, mas diante das adversidades, o lema do grupo deve sempre permanecer: “se não der para vencer, também não deve dar para perder”.
JOGADORES PRONTOS PARA O MALI
Mas não é só o técnico que está confiante num bom resultado em Bamako e nesta campanha. Os jogadores estão cientes que não será uma caminhada fácil, mas prometem trabalhar para atingir os seus objectivos.
Pepo, recentemente naturalizado e com apenas uma internacionalização, assume o desejo de vencer e levar alegrias aos moçambicanos. “Vimos de duas vitórias na qualificação ao Mundial, mas são campanhas diferentes, jogos diferentes, mas a ambição é a mesma, que é vencer todos os jogos e nos qualificarmos”, disse.
Pepo diz ainda que teria sido interessante iniciar a campanha em casa, junto dos adeptos, mas “vai ser bom vencer o segundo jogo em casa e festejarmos com os nossos adeptos”.
Já Elias Macamo, jogador chamado à última hora por Chiquinho Conde e que marca o seu regresso aos Mambas quase 10 anos depois, diz estar satisfeito por voltar ao grupo. “É sempre um prazer representar a selecção nacional e estou muito feliz por ter sido chamado”, começou por dizer, antes de deixar a sua promessa: “vou levar a experiência que tenho no Moçambola e aplicar nos Mambas para termos bons resultados. Podem esperar um Elias marcador”.
O combinado nacional defronta o Mali esta sexta-feira no Estádio 16 de Agosto, em Bamako, a partir das 21h, para a primeira jornada do grupo I da fase de qualificação ao Campeonato Africanos das Nações, Marrocos-2025.
Dois indivíduos flagrados foram detidos pelo SERNIC, no distrito de Mocuba, província da Zambézia, prestes a vender um jovem de 18 anos, a um agente económico de origem somali, que, na sequência, denunciou a acção. O facto consubstancia a prática de tipo de legal de crime de Tráfico de Pessoas, numa tentativa frustrada.
São jovens entre os 21 e os 30 anos de idade, detidos em Mocuba por tentativa de tráfico de um jovem de 18 anos, um cidadão de nacionalidade somali. Um áudio da conversa entre um dos jovens com supostamente comprador, trás toda a explicação de como seria a acção.
A conversa avançou sem, no entanto, o fecho dos preços. E quando chegam a Mocuba, os jovens acabam detidos e o SERNIC, na Zambézia, não tem dúvidas que os dois jovens detidos são criminosos e que se dedicam ao tráfico de pessoas.
Refira-se que a vítima em causa já foi devolvida ao convívio familiar e os eventuais traficantes estão nas celas do Comando Distrital de Mocuba, aguardando pelos trâmites legais e ulteriores.
Por: Cristiano Matsinhe
A literatura policial, a excepcionalmente bem lavrada, carateriza-se por ser altamente cativante e visceralmente inebriante. O leitor que se embrenhe na leitura de romances policiais, dificilmente sai incólume e raramente consegue evitar travestir-se nas roupas de alguns dos personagens, reivindicando, para ele mesmo, o compromisso de desvendar o mistério que o autor teria maquinado.
Talvez daí a velocidade e voracidade com que se devora tais obras. Certamente que os aficionados irão rever-se nesta asserção. Nesse primordial aspecto da nossa relação com o romance policial, Aurélio Furdela não defraudou. Devorei a obra em sem tempo e depoimentos há, de outros leitores que também percorreram as páginas desta obra num ápice.
Inicialmente subalternizado nos cânones literários dogmáticos, o Romance Policial, de género literário detectivesco afirmou-se, não sem contestações, como uma estrutura literária per si, pela consistência dos códigos e parâmetros usados pelos seus mais emblemáticos autores, alguns dos quais peritos em transfigurar-se em narradores ou disfarçados personagens das obras que apresentam.
Polémico, desde a sua gênese, o estilo literário policialesco, lato senso, remota dos primórdios das narrativas bíblicas, para os atavistas, é claro, com a trágica cena do assassinato de Abel! Mas quem matou Abel? Veredicto: Caim! Espantoso como um singular evento bíblico encerra os principais ingredientes que norteiam o que se pretenda uma boa trama de um romance policial, pois, em tão lendário crime temos: O enigma, o perpetrador, a vítima, as pistas evidencias e circunstâncias que o tal crime teria ocorrido, além dos que se encarregaram de narrar a tão messiânica tragédia, atribuindo-se-lhes o papel de detetive ou narrador.
Penso que já vos atormentei demais com os relatos da fatídica relação de Abel e Caim, o que deve também bastar para dissuadir os que querem apenas ater-se à génese e historiografia do culto ao “cult” policial. Pois, não sendo esse o propósito deste encontro, o que aludo sobre Abel e Caim é mais do que suficiente para estimular a imaginação, aguçar o senso inquisitivo e a postura que todos os leitores deveriam assumir ao pensar ou deparar-se com um imbróglio detectivesco ou policialesco.
Ainda assim, aludir aos primórdios bíblicos para encorpar a penumbra do mito fundador do género policialesco não me exime de fazer justiça ao enigmático Edgar Alan Poe, cuja obra credita-se, à rigor, o mérito de precursor da linha literária que hoje nos une neste evento e, cuja vida, rica em dramas e enredos, parece personificar o significado da literatura em causa.
Nessa lavra, o Prefácio de Zero sobre Zero, elegantemente escrito pelo meu irmão Gabriel Muthisse, faz-nos um favor, ao apresentar um cândido retrato do seu pessoal encontro com este género literário além revisitar e honrar o mais estabelecido roteiro das vénias e reverencias a que o estilo policialesco presta aos seus mitos fundadores e aos seus mais icónicos interpretes. Muito obrigado, Grabriel Muthisse!
Feitas as salvaguardas introdutórias sobre o género detectivesco e policialesco, atenho-me, doravante, a esmiuçar Zero sobre Zero, em Sete Actos:
Acto 1. Do Enigma
Zero sobre Zero não é um romance policial de história ou evento único. Mas uma cativante obra articulada em torno de múltiplas tramas e histórias paralelas que cumprem a função de apimentar e complexificar o exercício mental do detetive e dos leitores no interesse de desvendar a trama principal.
Nesta obra, os enigmas e as tramas são contundentemente apresentados, logo nas páginas iniciais, de forma abrupta e penetrante, com recurso a um inusitado ponto de entrada, como uma janela do alto de um prédio, através da qual vislumbra um aglomerado de pessoas, em torno de um corpo estendido no chão, seguido pelas diligencias investigativas da entidade de dever que quase entra em linha de colisão com os heróis da obra.
Com a mesma perspicácia com que o Narrador introduz-nos ao crime, incendeia a imaginação do leitor, ao apresentar o misterioso caso do Trigésimo Primeiro passageiro, a incógnita que empresta título a obra, ao mesmo tempo em que arrebata-nos, como leitores, a sermos cúmplices na responsabilidade de guardar segredo, até que se reúna inteligência suficiente para reportar, às estruturas superiores e mediáticas, com factos e evidências.
E é justamente essa busca de factos e evidências parte do mote da obra, como bem exigem os cânones deste gênero literário, cujo foco é e deve ser o esfolhear do processo de elucidação dos mistérios, uma empreitada a cargo do Detetive Lioste e sua entourage, ou Morrito (AKA Kufeni) e sua claque. Um momento! Quando presume-se que já se sabe dos principais enigmas da obra, eis que Furdela despeja-nos uma Furgoneta (faz tempo que não ouvia essa palavra) repleta de gente esquálida, esquelética além de meia dúzia de cadáveres nauseabundos, a tipificar a realidade do tráfico humano, um condimento adicional no rol de enigmas que Furdela se dispôs a desvendar.
Acto 2. Dos perpetradores
Nesta trama carregada de uma plausível caracterização da tensão que se instaura quando se alude às relações transfronteiriças, dilemas intrínsecos ao tráfico humano e bandidagem encoberta nos negócios materiais e imateriais, incluindo da fé, que pululam no amalgama do fenómeno da imigração e mobilidade regional e continental, o autor enquadrou com notável astúcia, os perfis dos heróis e anti-heróis, mocinhos e bandidos que não devem faltar num bom romance policial meio místico e meio noir!
A coroar um buffet recheado de múltiplas linhas investigação e suspeitos bem propostos, Furdela não perde de vista as “regras do método” do romance policial que abraçou, respondendo, com artesanal mestria, a crítica questão Whodunnit (Who Done It), “Quem Fez Isso”, revelando, nas páginas derradeiras, a(s) identidade(s) do(s) criminoso(s) que dão razão de ser ao trabalho do detetive e do próprio autor, enquanto narrador.
Estrategicamente, eu até diria com alguma dose de malícia, quase sadismo, o autor caracteriza magistralmente bem o misterioso agente Zero-sobre-Zero, também conhecido como o “branco das cavernas”, mas sonega-nos a possibilidade de conhecer da sua sorte, o que nos faz pensar que este “perpetrador” ainda vai dar muito trabalho e assim, é o próprio Furdela que fica a dever-nos a continuidade da saga. Pois no romance policial, nada deve ficar por esclarecer e, como se diz a boca pequena em nossa praça “queremos jostícia” e, certamente que Furdela não vai tirar o docinho da boca das crianças.
Acto 3. Da(s) vítima(s)
Sobre as vítimas, o livro é permeado por uma diversidade de perfis de vítimas, entre indivíduos, instituições e toda uma sociedade transnacional, onde na aparente unicidade dos eventos e/ou circunstâncias de vitimização, há espaços para reencontros e interligação de factos e circunstâncias que colocam cada vítima particular, no dia e local da ocorrência dos crimes. Somente um exímio narrador, que o Furdela é poderia mentalmente organizar a salada de vítimas e emprestar sentido através de letras e palavras, como aqui o faz.
Acto 4. Das pistas
Esta assente que a essência da narrativa policial é a busca pela identidade desconhecida, pelas esparsas fagulhas de pistas e a articcualção lógica de fragamentos de evidencias que vem a compor a totalidade das pistas. Nesta obra obra, Furdela planta pistas e armadilhas e convida o leitor a percorrer o fio da meada até desembocar no cerne da revelação. Um isquiero caido, imobiliárias a funcionarem como os “célebres veiculos operativos”, uma nota de cem dolares, uma fotografia reversa no espelho retrovisor e muito mais… compoem a riqueza de elementos explorados pelo autor para dar ancoras explicativas e gerir o fólego dos leitores enquanto se embrenham no afã de desenvar os mistérios que fazem a obra.
Acto 5. Do Detetive
O detetive que Furdela criou veste bem as roupas de um herói folhetinesco, relativamente avesso às regras e propenso à soluções inusitadas, como reza a cartilha do bom romance policial, onde a criatividade e irreverencia são o motor da aventura da descoberta.
A confirmar a sua inclinação para o Noir, os personagens que Furdela criou estão imbuídos das mazelas e vícios que caracterizam os comuns dos mortais: dados a uma boa pinga, fumantes inveterados, não fogem ao fogo da cama e são bons em pancadarias e distribuição de coronhadas, além de acelerações e drfits de carros pelas avenidas da Cidade de Maputo.
Convenientemente, as sacadas investigativas e os fios soltos que denunciam os seus rastos são também explorados a partir desse caracter humanizado que são accionados como recursos capitalizáveis para a articulação lógica e concatenada apresentação de evidencias.
Neste instigante romance, Furdela peca apenas por não nos dar, como leitores e comparsas do detetive, a chance de também arrolarmos as hipóteses que nos levariam a desvendar a trama antecipadamente! No seu autoral egoísmo de romancista do policial de primeira viagem, Furdela esconde e enrola-nos nos detalhes sórdidos que poderiam pontificar o fim da trama. Ainda bem! Na nossa mania de leitores espertalhões e sabichões, neste romance ficamos à nora, excitados e compenetrados na ânsia de desvendar o(s) mistério(s), o que o autor magistralmente sonega-nos até ao nada óbvio cair do pano nas últimas páginas.
Contaminado pela sádica performance narrativa do autor, não serei eu, um casual apresentador da obra, quem via entregar os pontos.
Acto 6. Do Autor / Narrador
Eu até poderia realçar a mestria com que o Autor se posiciona como narrador e o equilíbrio que estabelece entre a enunciação dialógica e descritiva. Mas prefiro pontificar a capacidade de descrever ambientes, que nos faz viajar nos espaços, ou criatividade com que descreve os personagens com especial atenção à explicação da razão de ser, origem do nome ou da alcunha: de Kufeni para Morrito, ou simplesmente fazer-nos entender como alguém chega a ser apelidado OneShot. Quase morri de rir.
Acto 7. Do desfecho
Na arte de narrar no estilo policial, o autor deve ter o compromisso de semear evidencias e minar toda a obra com potenciais vestígios e/ou indícios que possam nortear o percurso do leitor em busca da resolução. Entre a forma dogmática (o que deve nortear) e a ficção narrativa (o que é) oscila para salvaguardar, talvez, o interesse do autor em ampliar as avenidas dos enigmas e enriquecer as tramas, o que torna a obra de uma criação de não tão obvio e/ou expectável desfecho sem, no entanto, retirar-lhe a obrigatoriedade de verosimilhança, nas escolhas conclusivas.
E com esta afirmação posso disputar com o autor a asserção académica que ensina que no romance policial o leitor deve sempre esperar surpresa, mas não uma eventual indignação ou inconformismo pela introdução de novas evidencias nunca antes ensaiadas ao longo da leitura, como se o leitor dissesse: Surpreenda-me, mas não seja incongruente no momento da revelação dos factos e das identidades dos criminosos.
Ao cair da cortina, a resolução, o fim do suspense, até porque nos romances policiais não há crime perfeito! A reposição da ordem social e a confirmação de que o crime é uma forma de expressão avesso à ordem social é vincado na obra com uma valente troca de tiros e tocaias numa mansão ainda que, bem à moda moçambicana, ordens superiores rechacem a possibilidade de um desfecho morno, levantando suspeitas para a verdadeira dimensão de complexidade da rede criminosa.
Mas também seria desengenhoso se o autor oferecesse um desfecho linear que pudesse minar a possibilidade de deliciar-nos de novas aventuras investigativas com que o autor possa querer brindar-nos na sequência da saga. O artista não morre!
À partir do momento em que se começar a folhear o livro, todo o leitor que abraçar esta obra deve estar preparado para virar detetive e, dadas as condições de risco nessa missão, resta-me desejar “boa sorte” a todos e cada um dos que se predispuserem a desvendar a equação Zero sobre Zero, enunciada por Aurélio Furdela, nesse mirar dos passos e descompassos sobre o Espião que veio de Kigali.
Acto Final:
Com Zero sobre Zero, o Espião que veio de Kigali, Aurélio Furdela presenteia-nos com um romance policial bem humorado e fluído, ao mesmo tempo em que a riqueza de conteúdo presta-se a um retrato quase realista das historias contemporaneas e dramas politico securitários que caracterizam a sociedade moçambicana hoje.
Para consumo pessoal, tomei a liberdade de apelidar este livro “A saga do trigésimo primeiro passageiro”. Os que lerem o livro saberão que enquanto não se desvendar o mistério do ruandês em causa, permanecemos suscetíveis a novas incursões criminosas… que só Furdela pode desvendar, certamente no seu próximo romance policialesco, querendo consolidar a escola literária que nas nossas bandas se forja!
Muitos parabéns Aurélio Furdela e votos de uma prazerosa leitura a todos.
Chidenguele, 25 de Junho de 2024
Uma vez mais, Deltino Guerreiro volta a apresentar-se à Sala Grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo. Nesta sexta-feira, às 20h, o músico pretende levar ao público histórias melódicas dos seus dois álbuns, designadamente, Eparaka e Rokotxi.
Para o Centro Cultural Franco-Moçambicano, o concerto de Deltino Guerreiro oferece uma oportunidade única de reviver as emoções e significados profundos dessas obras, enquanto o músico também dá uma perspectiva sobre o que está por vir no seu percurso musical.
Assim, durante hora e meia, o público será cativado por músicas conhecidas e canções esquecidas, numa performance que honra o significado de Eparokotxi, isto é, “Benção e Cura”.
Além de bênção e cura, o concerto incluirá a interpretação de A Espera, do single Vou Te Esperar, que já anuncia o avanço para o seu terceiro álbum, a ser lançado em breve.
“Eparokotxi representa uma bênção para aqueles que foram esquecidos e uma cura para os que foram feridos. A Espera é dedicada a todos que mantêm a fé de que tudo vai ficar bem”, lê-se na nota de imprensa do Centro Cultural Franco-Moçambicano.
Deltino Guerreiro nasceu em 1990, em Montepuez, Cabo Delgado. É músico e economista. A sua música é uma fusão de influências absorvidas ao longo das suas viagens por Moçambique, de Norte a Sul. Combinando soul e R&B com as tradições musicais do norte do país, canta em português, inglês e emakhuwa, com melodias que reflectem a influência da música árabe do Norte de Moçambique.
Ao longo da carreira, conquistou vários prémios, incluindo “Revelação” e “Melhor Voz”. Participou em festivais nacionais e internacionais, como o AZGO Festival (Moçambique), Féte de la Musique (Joanesburgo), IOMMA e SAKIFO (Ilha da Reunião). O seu talento foi reconhecido globalmente, com uma participação no programa African Voices da CNN, transmitido mundialmente.
Em 2016, colaborou com a cantora britânica Joss Stone e venceu o Prémio “Mozal Artes e Cultura” na categoria de música. Nesse mesmo ano, tocou pela primeira vez com a Orquestra Xiquitsi, dirigida por Kika Materula.
Deltino Guerreiro lançou dois álbuns: Eparaka (Benção, 2016) e Rokotxi (A Cura, 2022).
Actualmente, está a finalizar o seu terceiro álbum, com lançamento previsto para o início de 2025.
O ataque terrorista não foi o único suto para os morradores de Mocímboa da Praia. Comerciante foi atacado, com recurso a catana, em plena luz do dia, por supostos assaltantes, em Mocímboa da Praia. A vítima contraiu ferimentos graves e levou vários pontos na cabeça.
A violência começou na sexta-feira, 30 de Agosto, e o alvo foi um comerciante que escapou à morte depois de um assalto com recurso a catana. Sérgio Cipriano, administrador de Mocímboa da Praia, conta como tudo aconteceu. “Era sexta-feira, o comerciante Bengali acabava de sair da reza (Mesquita). Esses são ladrões, não são terroristas. Esses são ladrões daqui, vivem na vila ou veem de outras aldeias à procura de dinheiro. Seguiram o indivíduo e, de facto, catanaram-no, mas tivemos pronto socorro e ele foi evacuado para Pemba e a informação que temos é que ele está a melhorar”.
No sábado, 31 de Agosto , quase a meia noite, Mocímboa da Praia foi invadida por um grupo armado, e até hoje, ninguém sabe explicar como foi possível um assalto a uma vila cercada de militares. Sérgio Cipriano explica que facto dos supostos terroristas terem vestido a farda das Forças Armadas de Moçambique pode ter distraído as autoridades.
Segundo relatos, durante o assalto, houve um combate entre o grupo armado e Polícia da República do Ruanda que terminou com a morte de uma mulher civil e deixou quase todo distrito em Alerta.
“Quando as Forças de Defesa seguiram o rasto, esse sangue indicava exactamente por onde os terroristas teriam se refugiados. E nós acreditamos que o grupo de terroristas sofreu e devem estar no mato, mas, como eu disse, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique estão empenhadas e, tarde ou cedo, poderemos ter algum desenvolvimento sobre esse ataque”.
A autoridade responsável pela resposta ao surto de Mpox na República Democrática do Congo (RDC) anunciou, quarta-feira, que o país vai receber sua primeira remessa de doses de vacina contra Mpox, nesta quinta-feira, seguida de uma outra remessa no sábado.
Segundo dados do Ministério de Saúde Congolês, o país já registou mais de 19 mil casos e quase 650 mortes, devido ao surto de Mpox, desde o início do ano. Dos casos registados, mais de 62% afectam crianças.
Jean Kaseya, director geral da África CDC, comemorou a chegada das vacinas, e avançou que são 99 100 doses que o país vai receber.
Os sintomas do Mpox geralmente são febre, dores de cabeça e dores no corpo.
Em casos mais graves, os indivíduos podem apresentar feridas dolorosas e bolhas no rosto, no peito, nas mãos e nos órgãos genitais.
O vírus é transmitido principalmente pelo contacto próximo pele com pele.
A OMS estimou que cerca de 230.000 vacinas poderiam ser enviadas “em breve” para o Congo e outras áreas afectadas.
Além disso, a organização está desenvolvendo campanhas educacionais para informar as pessoas sobre como prevenir a disseminação da mpox em regiões com surtos.
O Instituto Nacional de Gestão de Desastres diz que há perto de dois milhões de pessoas a sofrerem de insegurança alimentar devido à seca no país. O INGD alerta para o aumento do número e diz que precisa de mais de 200 milhões de dólares para apoiar as vítimas.
O impacto dos eventos climáticos extremos tende a causar maior preocupação e quatro províncias do país ressentem-se das consequências do El Niño, e a situação pode piorar.
“O fenómeno El Niño é de progressão lenta e, à medida que vai passando, sentimos que o número das pessoas afectadas tende a aumentar”, avançou Luísa Meque, presidente do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD).
De acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Desastres, um milhão e oitocentas mil pessoas sofrem de insegurança alimentar devido à seca.
Para minimizar o problema, são necessários 222 milhões de dólares, valor que o INGD diz que não existe.
“São, ao todo, quatro províncias onde a situação se foi tornando mais preocupante. Falo de Inhambane, Gaza, Sofala e Tete. Temos nove distritos destas quatro províncias que foram mais assolados pelo fenómeno El Niño e, nesses distritos, já iniciamos a implementação de acções antecipadas.”
Luísa Meque falava esta quarta-feira, na Cidade de Maputo, após o lançamento do apelo humanitário para combater a seca no país.
No evento, o “O País” confrontou a presidente do INGD com a paralisação de projectos por parte de algumas organizações que prestam ajuda humanitária em Cabo Delgado. Luísa Meque disse que não tem conhecimento do assunto.
“Nós gostaríamos que a assistência fosse mais abrangente. Se, realmente, há alguma preocupação em relação a essa questão, nós ainda não tivemos conhecimento”, afirmou.
Moradores do bairro Chingodzi, em Tete, queixam-se de poluição ambiental provocada por autocarros de uma transportadora que presta serviços à mineradora indiana Vulcan Moçambique. Os residentes alegam que a situação causa problemas de saúde para as comunidades.
O excesso de poeira provocada durante a circulação de viaturas ligeiras e autocarros está a causar riscos à segurança e à saúde de moradores do bairro Chingodzi, em Tete. As casas estão tomadas pela sujidade, devido aos autocarros da transportadora Unitrans.
“Nós passamos mal por causa da poeira. Não dá nem para sentar aqui fora”, disse uma munícipe.
Outro munícipe queixa-se do agravamento de problemas respiratórios. Os moradores de Chingozi dizem que já tentaram conversar com as autoridades para amenizar a situação, mas sem sucesso.
Ernesto Baloi vive nas proximidades da via onde circulam os autocarros e, devido ao forte cheiro de poeira, opta sempre por usar máscara.
O “O País” contactou a AQUA e o Município de Tete, mas ambos recusaram-se a dar esclarecimentos sobre o assunto.
A selecção nacional de futebol, os Mambas, realizou o primeiro dos dois treinos na capital maliana, Bamako, na tarde desta quarta-feira, em preparação para o jogo da próxima sexta-feira, diante do Mali, a contar para a primeira jornada do grupo I de qualificação para o CAN 2025, em Marrocos.
Chiquinho Conde já conta com todo o esquadrão para defrontar o Mali na sexta-feira, quando forem 19 horas locais (21 horas de Maputo), no arranque da campanha de qualificação para a fase final do Campeonato Africano das Nações, a decorrer de Dezembro de 2025 a Janeiro de 2026, em Marrocos.
Naquela que foi a primeira sessão de treinos dos Mambas, o seleccionador nacional priorizou a recuperação física dos jogadores, depois de mais de 24 horas de viagem para a capital do Mali, para além de trabalhar os aspectos técnicos e tácticos a serem usados no embate da sexta-feira.
No treino desta quarta-feira, o maior destaque foi para o baptismo de Elias Macamo, chamado pela primeira vez e que integra o combinado nacional, como surpresa, depois de não ter estado na pré-convocatória inicial.
Entretanto, o treino desta quarta-feira aconteceu no Centro de Desportistas de Elite Ousmane Traoré, localizado nos arredores da capital maliana, uma infra-estrutura inaugurada em 2023, multifuncional de apoio às selecções de todas as modalidades e atletas de elite do Mali. É um centro que dispõe de campos de futebol com relva natural e artificial, pavilhões para modalidades de salão, pistas de atletismo, piscinas, ginásios e até um hotel de cinco estrelas.
Depois do treino realizado esta quarta-feira, os Mambas voltam a treinar, esta quinta-feira, quando forem 21 horas de Maputo, hora do jogo da sexta-feira, no Estádio 26 de Março, para adaptação ao relvado do campo.
Recorde-se que, depois do jogo diante do Mali, os Mambas regressam, na manhã de sábado, onde em Maputo vão cumprir outras sessões, no domingo e segunda-feira, em preparação para o embate da terça-feira, quando forem 15h00, no Estádio Nacional do Zimpeto.
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